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Pela Estrada Real, a Viagem de 200km Repleta de Desafios e Emoções - Caminho Sabarabuçu

A Estrada Real, é um dos mais emblemáticos patrimônios históricos do Brasil, traça seu caminho por terras mineiras, repleto de histórias fascinantes e curiosidades que remontam ao período colonial. Construída no século XVII pela coroa portuguesa, a Estrada Real tinha como principal objetivo facilitar o transporte do ouro e diamantes extraídos em Minas Gerais até os portos do Rio de Janeiro.

Com mais de 1.600 quilômetros de extensão, a estrada serpenteia montanhas, atravessa rios e corta vilarejos históricos, revelando um legado de grandiosidade e engenhosidade humana. A estrada real é composta por quatro caminhos principais que atravessam Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Ao longo de seus caminhos, é possível encontrar marcos que indicavam a distância entre as vilas, além de pousadas, igrejas e outros vestígios arquitetônicos que testemunham a intensa atividade econômica e cultural da época. A Estrada Real é também palco de diversas lendas e mistérios, como o mito do "tesouro perdido", que atrai aventureiros em busca de riquezas escondidas nas entranhas das montanhas. Por suas curvas sinuosas e paisagens deslumbrantes, a Estrada Real é muito mais do que uma simples via de transporte: é um símbolo vivo da história e da identidade de Minas Gerais, enraizada nas tradições e na alma do povo brasileiro.

Os quatro caminhos que se estendem por diversas regiões do sudeste do Brasil, e são conhecidos como:

Caminho Velho, também conhecido como caminho do Ouro é o mais velho entre todos e também o mais famoso. Este caminho liga Ouro Preto a Paraty, no litoral fluminense. E era utilizado para transportar o ouro e diamantes das minas de Minas Gerais até os portos do Rio de Janeiro, contribuindo significativamente para a economia colonial.

Caminho dos Diamantes, como o nome sugere, era o caminho utilizado para escoar os diamantes encontrados nas regiões de Diamantina e Serro, em Minas Gerais, até Ouro Preto, onde eram reunidos para serem enviados à Europa.

Caminho Novo, inaugurado no século XVIII, representou um avanço significativo em relação ao Caminho Velho, pois oferecia uma rota mais curta e segura, evitando os perigos das serras e das regiões de mata fechada. Por ser um caminho onde foram construídas pontes e estradas pavimentadas, contribuiu ativamente para o desenvolvimento econômico e social das regiões por onde ele cruza.

Caminho Sabarabuçu, este é o caminho menos conhecido entre todos, talvez por ter sido uma tentativa frustrada, mas que possui tanta importância histórica quantos os outros. A história frustrada do Caminho Sabarabuçu da Estrada Real remonta aos tempos áureos da exploração mineral em Minas Gerais. Na época colonial, a região da Serra da Piedade era um dos principais pontos de extração de recursos minerais, e a crença de que ali se encontrava ouro em abundância alimentava as esperanças e os sonhos dos colonizadores.

O brilho intenso que emanava da Serra da Piedade, especialmente ao pôr do sol, despertava a imaginação dos exploradores, que viam naquela luz uma promessa de riqueza inimaginável. Convencidos de que o brilho era resultado da presença de ouro, os colonizadores empreenderam uma série de expedições em busca do tão sonhado metal precioso. No entanto, para a decepção de muitos, as expedições revelaram que o brilho emanado pela Serra da Piedade não era de ouro, mas sim de minério de ferro. A descoberta frustrou as expectativas dos exploradores e desencadeou uma série de conflitos e disputas na região.

Apesar da frustração inicial, o Caminho Sabarabuçu da Estrada Real acabou desempenhando um papel importante no desenvolvimento da região, facilitando o transporte de outros minerais e recursos naturais e contribuindo para a integração econômica e social de Minas Gerais com o restante do país.

Mapa da Estrada Real

Mapa da estrada real


O início da caminhada


Eu sempre me encantei por histórias, tudo que somos e temos hoje é consequência de algo que já aconteceu, seja em um passado distante ou até mesmo recente. E a Estrada Real carrega a história da minha terra e das minhas origens. E como um bom mineiro, eu precisava conhecer um pouco mais de perto esta história. E para começar, escolhi primeiro, o menor e menos conhecido, o caminho Sabarabuçu.

Semanas antes de iniciar minha jornada, realizei um planejamento básico de como iria dividir minha viagem. Estudei como poderia dividir os 200Km totais que caminharia, já que havia escolhido estender a caminhada até o centro histórico de Ouro Preto. É importante estudar as distâncias diárias e se é necessário, ou não, realizar dias de descanso. O meu planejamento se distribuiu da seguinte forma:



O meu prazo para realizar essa viagem era curto, então não planejei dias de descanso, o que considero ter sido ruim para mim, pois o volume diário de caminhada é alto e acaba demandando muitas horas até se chegar ao destino final. E desta forma, não permite que você tire tempo para conhecer as cidades e um pouco da história de cada lugar.



A experiência da caminhada


Sem nenhuma dúvida, esta foi uma das melhores experiências que pude vivenciar. Fazer algo que gosto e ainda conhecer um pouco mais sobre a história que moldou nosso país, é algo impressionante.

Caminhar sozinho por 6 dias em meio as montanhas de Minas, não foi apenas um desafio físico, mas também uma imersão em minha própria essência. Encontrei outro significado da palavra SOLIDÃO, descobri que solidão escolhida é diferente de solidão imposta. Viver a solitude é estar em paz consigo mesmo, descobrindo seu próprio ritmo, sem pressa, sem expectativas.

Durante a caminhada, a cada trecho, a cada curva, estrada, eu observava os detalhes e tentava formular na minha mente imagens da época em que ali escoava nossas riquezas até a Europa, de como funcionava toda aquela logística. Conheci pessoas incríveis pelo caminho. Essas breves, mas significativas, interações me ensinaram que, mesmo caminhando sozinho, nunca estamos realmente sozinhos. Compartilhamos um elo com todos aqueles que percorrem o mesmo caminho, guiados pela curiosidade e pelo desejo de entender mais sobre a história e sobre nós mesmos.

A jornada me ensinou a apreciar as pequenas coisas – o silêncio, o tempo, o espaço. Percebi que, longe do barulho das cidades, da pressa e das distrações, o mundo natural nos oferece uma sabedoria profunda, e nos faz lembrar de que somos parte de algo muito maior.

E todos os detalhes dessa experiência incrível, pode ser assistido através do vídeo que vou deixar disponibilizado abaixo e nas fotos que estão na galeria do site.


por:

Arthur Vinícius de Lima



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